Para falar um pouco disso tudo, entrevistamos o baixista da banda, Anderson Aguzzoli, num papo virtual bem descontraído. Aproveitem:
-----------------------------------------------------------------------------------------------
HEAVYNROLL – O Álgida é uma banda bem peculiar, a começar pelo nome, e também tenho a informação de que a formação da banda se deu de um modo diferente, com integrantes se conhecendo através do Orkut e etc... Como foi esse processo, o alinhamento de idéias e a afinidade musical?
ANDERSON - Pois é... Tudo soa um pouco peculiar, no que se refere ao Álgida, mais ainda, se você pensar na terra que vivemos. O nome vem do substantivo abstrato, álgido, que significa gélido, frio. Álgida, por sua vez é adjetivo. “Por este motivo usamos o “banda Álgida” que seria algo como “ banda fria” (risos).
Sobre a formação da banda, na verdade de integrantes que começaram no Álgida em 2005 restaram eu e o Diego Embarach (guitarrista) que saiu por um tempo e retornou pouco depois da entrada de Elias Hoffmann (vocalista). A formação original durou pouco tempo, em questão de seis meses foi mudando. Desta formação o Paulo Almeida (ex-guitarrista) que é um grande amigo de infância, teve uma participação bem significativa, pois idealizou comigo e com o Diego os objetivos da banda e a sonoridade que buscávamos. Desse período cinco músicas permanecem no atual repertório, ao qual mantivemos boa parte dos arranjos originais compostos pelo Paulo. Passou pela banda o baterista Andrigo, depois substituído por Rafael “Fifa” . Depois que o primeiro vocal (Ronaldo Flores) saiu, fomos em busca de alguém que achávamos que não existia (risos). Felizmente encontrei na comunidade dos músicos de Caxias um anúncio do Elias e em questão de uma semana já estávamos ensaiando. Neste meio tempo o Paulo foi quem desistiu. Logo após a saída de Rafael, o Diego voltou e surgiu a indicação do Cristofer Andreoli (ex-Lestat) assumindo as baquetas. O Andrius Wagner (teclado) entrou na banda já nas gravações do EP “Vazio”e foi aprovado em um ensaio (que havia ido para assistir) quando tocou o solo de piano de “Just Like Heaven” (The Cure) em um tecladinho terceira linha do Cristofer (risos).
Quanto à afinidade musical e alinhamento de idéias, atualmente a coisa funciona muito bem, mas não foi sempre assim (risos). Eu, Diego, Andrius e Elias gostamos basicamente de 80% as mesmas coisas... todos nós temos gostos peculiares, entretanto, a banda desde a sua reformulação definiu suas bases em bandas como The Cure, Joy Division, Placebo, Bauhaus e mais algumas outras... Já o Cristofer também gosta das mesmas influências da banda, mas decidiu entrar no Álgida graças ao Placebo, ele é sem dúvida alguma, o cara mais eclético do grupo! Pra ser sincero todos os integrantes da banda são uns “perdidos no mundo” e não temos muita opção, ou tocamos juntos, ou ficamos sozinhos, por este motivo agente opta por se levar a sério! (risos)
HEAVYNROLL – Quais são as maiores inspirações para os compositores do grupo, além da clara influência do The Cure, já que percebemos que a poesia é base principal das letras?
ANDERSON - Das influências musicais: The Cure, Joy Division, Bauhaus, The Sisters of Mercy, Placebo, The Smashing Pumpkins.
Das influências literárias: Todos escrevemos as letras do repertório da Álgida, menos o Cristofer (risos). São várias: Chuck Palahniuk (autor do Clube da Luta), Nietzsche, Baudelaire, Goethe, Edgar Alan Poe, recentemente descobrimos Bukowski, dos internacionais e nacionais, Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Roberto Freire, Maurício Kehrwald e um bocado de histórias em quadrinhos sobre o fim do mundo (risos). Tudo isso explica um pouco...
HEAVYNROLL – Em 2009 vocês lançaram o EP Vazio, do qual temos a música “Flores do Mundo”, que é uma grande música e ganhou até um vídeo clipe em Stop Motion, acredito que uma novidade em Caxias do Sul (Além disso faz parte do HeavynRoll Collection Vol 1). Como foi a aceitação geral deste álbum, tanto em Caxias como no resto do estado e até Brasil? Fale um pouco do processo do clipe também, já que foi feito por um dos integrantes da banda.
ANDERSON - Primeiramente agradeço em nome da banda pelo elogio e por ter nos incluído na HeavynRoll Collection. O EP “Vazio” é nosso primeiro trabalho e apresenta um pouco de nossa imaturidade musical. Tudo feito da maneira que conseguíamos dentro de nossas limitações da época, todos são auto-didatas e isso complica em alguns momentos. Tudo foi lançado de forma independente, com tiragem de 200 cópias do EP e felizmente conseguimos nos “livrar” de todas (risos), e as músicas farão parte do álbum que vamos lançar este ano.
A repercussão em Caxias foi interessante, passamos a ser um pouco mais conhecidos, receptividade foi acima do que esperávamos. Pela internet, em todo Brasil e as resenhas sobre o EP foram bastante favoráveis. Em um contexto artístico alcançamos nossos objetivos, ficamos devendo no sentido da produção que ficou abaixo do que almejávamos. Foi muito importante para nós passarmos por esta etapa, evoluímos bastante. As críticas, dos poucos sinceros, que falam realmente o que a gente precisa ouvir e não o que gostaríamos de ouvir, nos fez mantermos os pés no chão e ficar bem distante de crises de “estrelismo” que algumas bandas passam ao receberem elogios (risos). O destaque claro, ficou para “Flores do Mundo”.
A respeito do Stop Motion, tudo surgiu porque o Elias já havia feito alguns vídeos curtos com bonecos de massinha. Eu insisti para fazermos um clipe, a escolha foi naturalmente pela melhor música do EP. Todos na banda participaram desta produção, uns mais ativamente e outros menos, que levou 8 meses para ser finalizada. Quem dirigiu foi o Frank que é integrante do Álgida, só que o instrumento dele são ferramentas de desenho, photoshop, premieré, entre outros que ele domina... Ele é o criador do encarte de nosso EP e também vai ser o responsável pela arte do nosso CD que será lançado este ano, por sinal a arte do novo CD é sensacional! O clipe deu muito trabalho, mas ficamos muito orgulhosos em dizer que fora nossa mão-de-obra tivemos um custo baixíssimo para sua produção.
HEAVYNROLL – A banda foi aprovada no último Financiarte, mais que merecido pelo esforço e empenho do grupo. Como foi esta notícia e como vocês encaram esta iniciativa dos nossos governantes?
ANDERSON – Bah! a notícia veio com uma sensação incrível! Nos preparamos para participar do Financiarte. Optamos por gravar o EP “Vazio” em 2008 e construir um portfólio mais consistente para o concurso. Temos certeza que esta foi uma decisão acertada. Foi nosso primeiro projeto enviado a Secretaria de Cultura. Mas a apreensão de véspera do resultado rendeu fortes dores de barriga. A iniciativa do Financiarte é ótima! Com a divulgação do EP “Vazio” conhecemos um músico de Portugal (vocalista da Archétypo 120) e, em conversa com ele comentamos sobre esta possibilidade gerada pela lei de incentivo daqui, ele nos comentou que não possui este tipo de opção por lá. Acredito que Caxias do Sul proporciona uma grande oportunidade aos artistas locais de apresentarem seu trabalho. Agora pra Álgida, temos de fazer valer a aprovação com um CD de qualidade e relevância, estamos trabalhando bastante para isso.
HEAVYNROLL – Sabemos que o próximo trabalho já tem nome, “Dias Cinzas”, como está o processo de composição e pré-produção?
ANDERSON - O nome “Dias Cinzas” é de uma das canções que estará presente no álbum. Tem total relação com a arte do disco assinada por Frank Tartari Fialho. Inclusive a ordem das músicas no CD foi definida pela arte do mesmo. Serão 16 músicas, incluindo as 5 do EP “Vazio”, com arranjos remodelados. A composição está praticamente definida. Faltam algumas melodias secundárias que estamos revendo junto à pré-produção que iniciamos ainda em 2009. Será um álbum carregado e obscuro. As gravações tem início no próximo dia 18 no Estúdio Martin Fierro. A produção do disco é responsabilidade de Maurício Kehrwald que deu conta de ouvir bastante The Cure para entender nossa ideia, claro que isso deixou ele um pouco melancólico, mas ele vai sobreviver (risos). O Maurício tem nos ajudado muito a enxergarmos algumas falhas em nosso trabalho e a melhorar bastante nosso desempenho e estamos bastante satisfeitos com o seu trabalho.
HEAVYNROLL – Fale um pouco do Submundo Alternativo, o que vem a ser isto?
ANDERSON - O Submundo Alternativo foi criado em meio às gravações do clipe de “Flores do Mundo”. Enquanto o produzíamos, vimos que aquilo não poderia parar, decidimos continuar produzindo animações em Stop Motion. Fizemos O Evangelho de Um Assassino e posteriormente uma animação encomendada sobre Assis Chateaubriand por acadêmicos do curso de Jornalismo da UCS.
Nas produções basicamente, o Frank é quem manda (risos), ele dirige, organiza o roteiro e mais tudo aquilo que um diretor faz... O Elias tem a habilidade de construção dos bonecos e eu sou o “arigó” do Submundo (risos), apelido “carinhoso” que ganhei do Frank e do Elias. Na verdade tem toda uma pré-produção antes de começarem as sessões de fotos de uma animação, construção de cenários, os bonecos, enfim... Nas sessões, propriamente dito, o Frank é o fotógrafo, eu e o Elias nos dividimos nos movimentos dos bonecos. Mas essa é só uma das facetas do Submundo Alternativo, depois criamos a loja para gerar fundos a futuras animações e para as produções da Álgida. São miniaturas de bonecos em biscuit, os produtos são customizados atendendo a encomendas dentro de nossa capacidade de reprodução. O boneco mais vendido é o famoso Jack Skellington da animação de Tim Burton, O Estranho Mundo de Jack. No caso da loja, eu continuo sendo o “arigó” (risos), porque faço de tudo um pouco, desde acabamento nos bonecos modelados por Elias, até as caixinhas também customizadas. A Adriele, minha esposa, é nossa pintora oficial e responsável pelo blog. O Frank nos auxilia esporadicamente com pinturas e modelagens especiais.
O retorno da loja foi muito interessante. Tivemos inúmeras encomendas e nossos clientes ficaram bastante satisfeitos. Temos projetos de clipes para algumas das músicas do CD que serão produzidas pelo Submundo Alternativo, só posso afirmar que certamente não faremos em Stop Motion (risos).
HEAVYNROLL – Para 2010, quais os planos da banda, além da gravação do CD? Quais os caminhos e metas almejadas?
ANDERSON - Ensaiar, ensaiar, ensaiar e ensaiar... temos um show de lançamento que tem tudo pra ser o mais marcante que já fizemos, positivamente é claro!... Os detalhes são segredo de estado por enquanto... (risos)... Fora isso, faremos alguns clipes, pelo menos dois que estão bem encaminhados vão sair logo no lançamento do CD... Fora isso, divulgar bastante todo o processo de nossa gravação principalmente no blog da banda. O caminho é nos tornarmos mais conhecidos pra quem sabe fazer shows em grandes centros...
HEAVYNROLL – Ficamos por aqui então, aguardando o próximo CD e desejando boa sorte a vocês, e fica o convite para uma nova entrevista quando sair o trabalho. Anderson, deixe um recado aos nossos leitores:
ANDERSON - Agradeço fortemente por ter aceitado fazer esta entrevista comigo (risos). Obrigado pela força na divulgação e parabéns pelo blog que está auxiliando bastante as bandas locais a promoverem seu trabalho. Já fica marcada a próxima entrevista no lançamento do CD “Dias Cinzas” então!
Aos leitores: fiquem a vontade para conhecer nosso trabalho e gostar, ou não (risos)... Somos uma banda que faz músicas para instigar ao pensamento. Este novo CD provavelmente não seja uma boa opção para acompanhar passos de dança (risos), mas pode ser uma boa pedida para um bom vinho e um sofá confortável. Por fim, acessem o blog da Álgida... Anda bem sem audiência nos últimos tempos (risos). Abraço a todos e mais uma vez obrigado pela oportunidade.
-----------------------------------------------------------------
Os 10 álbuns:
Pornography – The Cure
Disintegration – The Cure
Wish – The Cure
Kiss Me Kiss Me Kiss Me – The Cure
First and Last and Always – The Sisters of Mercy
Black Market Music – Placebo
Unknown Pleasures – Joy Division
Melancollie and the Infinite Sadness – The Smashing Pumpkins
Mask - Bauhaus
Turn on the Bright Lights - Interpol
-------------------------------------------------
As 5 principais influências como músico:
Simon Gallup – The Cure
Peter Hook – Joy Division/New Order
Craig Adams – The Sisters of Mercy
Steven Severin – Siouxsie and the Banshees
Andy Rourke – The Smiths
--------------------------------------------------
Para conhecer mais:
0 Comentários:
Postar um comentário